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Você pode até discordar da maneira como a MP foi criada,mas sua relevância é inegável

Atualizado: 27 de jul. de 2020

Movimento que pode culminar com a criação de uma Liga Nacional indica que o debate nacional se faz necessário entre clubes brasileiros


Desde que a Medida Provisória 984, editada pelo Governo Federal, foi divulgada, muitas discussões e teses foram levantadas entre dirigentes, gestores e torcedores. Independente se a pessoa se posiciona contra ou a favor, o fato é que estamos diante de um momento crucial para o futuro das finanças dos principais clubes do Brasil.

Por mais que alguns tenham se posicionado como opositores à lei, praticamente todos estão de acordo que o atual modelo de negócio entre a principal empresa de comunicação brasileira e os clubes precisa ser revisto. Até o momento isso havia ocorrido de maneira muito tímida e o resultado final acabou soando como uma vitória da Rede Globo, já que ela permaneceu com o controle da grande fatia deste mercado e os clubes parceiros se mostraram satisfeitos em manter uma relação onde a supremacia da empresa é indiscutível diante da fragilidade financeira dessas instituições.

A mudança de cenário começa a partir do momento que o Flamengo consegue se organizar e questionar essa relação. A ação traz à tona sua intenção de rever pontos vitais para quem deseja valorizar o produto “futebol nacional” e que até o momento eram muito mais interessantes apenas para um lado da parceria, segundo os dirigentes Rubro-Negros.

O grande mérito do Flamengo é justamente evidenciar esse cenário, onde quase que a totalidade dos demais envolvidos se posicionam de maneira pouco efetiva quando na verdade deveriam estar buscando melhores condições para eles também. A questão do campeonato carioca financeiramente pouco influencia os cofres do time da Gávea e ao que tudo indica ele está sendo utilizado para servir como bandeira para que haja uma discussão nacional sobre o tema.

A TV Globo também enfrenta um momento peculiar em sua história. Sem querer entrar no mérito se a empresa tem ou não razão, é indiscutível que sua imagem nunca foi tão questionada, assim como sua credibilidade junto aos brasileiros. Sendo assim, encarar uma batalha contra as grandes marcas da maior paixão nacional é tudo que a emissora não gostaria.

O somatório dessas condições provavelmente fizera com que a direção do Flamengo achasse que o momento de tornar esse debate público finalmente tivesse chegado. Até este ponto, é possível que muitos estejam de acordo. O ponto que surgem as desavenças é a forma como o clube foi atrás dessa solução. Ao invés de utilizar sua força para trazer consigo aliados de tanto peso como o seu para esta discussão, seus dirigentes foram à “luta” defender o que entendem ser o mais justo para as entidades esportivas. Certa ou errada, tal medida trata-se de uma estratégia que precisa ser respeitada, ainda que outras partes não estejam de acordo.


Em recente entrevista, Luiz Eduardo Baptista, o vice-presidente de Relações Externas do Flamengo, disse entender que o movimento poderia caminhar para a formação de uma Liga Nacional, onde os envolvidos teriam a oportunidade de trabalhar unidos para a valorização do produto a partir de 2024, quando terminará o vínculo da TV Globo com os principais times do país. Tal declaração é um positivo sinal, que vai ao encontro com o que a maioria dos especialistas do mercado entendem ser o melhor e mais seguro formato para a reestruturação do nosso futebol. Ela também indica uma mudança interessante do primeiro sinal emitido assim que a lei foi oficializada, quando os dirigentes deram a entender que defenderiam que cada entidade buscasse sua solução de forma individual.

O debate sobre este assunto promete ainda vários capítulos, mas o sinal deste primeiro momento reforça a tese de que a opção pela luta individualizada, independentemente do lado, não traz benefício para quase ninguém. Aqueles que sonham ver um futebol brasileiro capaz de aumentar o seu faturamento e assim ter condições de ofertar aos torcedores um produto de mais qualidade não devem se furtar de fomentar o debate sobre o tema neste momento. Podemos até discordar da forma como as coisas foram conduzidas até aqui, mas a relevância da discussão não pode ser negada e por isso deveria ser prioridade entre todos os setores envolvidos com o futebol



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