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Medida de Bolsonaro expõe o que há de pior no futebol brasileiro

Atualizado: 19 de jun. de 2020

Chegou a hora de ver quem pensa em benefício próprio e quem está disposto a lutar pela melhoria da maior paixão nacional



A maioria das grandes Ligas de futebol profissional optaram pelo caminho da união dos clubes. Dessa forma, elas conseguem viabilizar melhores contratos e condições cada vez mais vantajosas para negociar e vender os seus produtos. Por outro lado, no Brasil, os times seguem o estilo de irem à luta por conta própria, gerando assim um abismo técnico e financeiro que só tende a piorar.

Apesar da clara e temerosa indicação, muitos apaixonados torcedores celebraram a mudança como se fosse um momento de libertação, esquecendo-se de que um grande clube jamais será gigante se não tiver com quem duelar. Sim, estou me referindo a ação dos torcedores do time mais popular do Brasil, o Flamengo. Até compreendo que do prisma do fã, ganhar uma grande vantagem aparentemente torna-se muito interessante, afinal de contas ele quer ganhar títulos e zombar dos rivais. O que me causa estranheza é ver tal postura de uma direção que se diz profissional e que preza pelo seu grande produto, que é o futebol.

A partir da data de hoje, o Brasil entrou definitivamente na “espanholização”, que a própria Espanha percebeu que não lhe trazia nenhum benefício. Com o modelo similar ao que está sendo implementado por aqui Real Madrid e Barcelona chegaram a deter 75% das verbas oriunda das transmissões de TV. O caos financeiro gerado por tal medida fez com que as demais equipe se unissem e pressionassem os dois gigantes, indicando que caso o ritmo fosse mantido, em pouco tempo ele teriam que organizar um torneio exclusivamente entre eles.


Por sorte e competência dos europeus, essas equipes são unidas através de uma Liga, que prima por manter a qualidade e trabalha junto ao mercado para que possam oferecer um produto cada vez melhor. Além disso, os próprios gigantes, compreenderam que de nada seria útil brigar apenas um contra o outro, quando na verdade o interessante no aspecto esportivo é participar de duelos equilibrados e emocionantes.

Trazendo essa realidade para o Brasil, percebemos que seguimos para um perigoso caminho, já que não temos Liga e provavelmente não temos como contar com o bom senso de quem comanda a política esportiva nacional.

Ainda que até ontem não tivéssemos uma situação perfeita, havia a possibilidade de clubes pequenos e até grandes, sem o mesmo impacto de Flamengo ou Corinthians por exemplo, negociarem seus ativos, já que detinham boa parte dos atrativos de uma competição. Agora, com o novo cenário, o que lhes resta? Aceitam se transformar em produtos que chamarão a atenção da grande mídia por duas ou três rodadas ou ficam sem absolutamente nada. É essa a independência que tanto se buscou no futebol brasileiro? O que restará a essas equipes será atender ao seu próprio nicho que com o tempo irá minguar cada vez mais.

O caminho para esses clubes será a união ou estão seguindo a passos largos rumo à falência total. Infelizmente o cenário que se desenha por aqui é de guerra nos bastidores onde ninguém sairá como vencedor.

Informações de todos os lados chegam. Muitas bravatas, muitas teorias e teses mirabolantes. De certo mesmo é que a volta do Clube dos 13, ou qualquer modelo similar, tende a ser a saída para se evitar o caos total no país do futebol. Resta saber se a direção do clube mais popular do Brasil vai seguir pensando em seu benefício próprio ou entenderá que ele só pode ser gigante se tiver com quem lutar. E do outro lado? Teriam as demais equipes coragem de convidar o Rubro-Negro a fazer parte dessa liga ou caso contrário deixá-lo de fora sozinho?

Ao que tudo indica, está chegando o momento de ver quem realmente pensa no futebol brasileiro.

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